FC Porto

Auditoria ao FC Porto deteta perda de 50 milhões em comissões

Os resultados da auditoria forense realizada pelo FC Porto em 879 transferências de jogadores nos últimos 10 anos demonstram que a SAD desembolsou 155,8 milhões de euros em comissões a intermediários, enquanto que, de acordo com as normas da FIFA, o montante a ser pago deveria ter sido de 105,9 milhões.

“O impacto financeiro negativo estimado é de 50 milhões de euros, resultante de comissões acordadas que excedem os valores de referência da FIFA e/ou os padrões de mercado (10% do valor de transação para entradas/saídas, 3% para renovações)”, afirma o documento apresentado pelo clube azul e branco.

“O montante total das comissões acordadas totalizou 158 milhões (16 milhões por época), com 46% do valor relacionado a saídas, 37% a entradas e 16% a renovações, e uma contribuição reduzida de empréstimos e rescisões”, é o que se pode ler na auditoria, que menciona que 27% das saídas e 61% das entradas apresentaram comissões “acima dos valores de referência, resultando em 38,4 milhões de euros de comissões em excesso”.

Relativamente às renovações de contrato, “95% dos casos analisados excederam o limite de 3% do salário bruto, totalizando 11,5 milhões de comissões excessivas”.

Conforme o documento, “50% das comissões (80 milhões de euros) foram atribuídas a apenas 8 agentes, com 35% do total concentrado nos 3 principais intermediários [Jorge Mendes, Pedro Pinho e Giuliano Bertolucci]”, e foram atribuídos “16 mandatos de exclusividade a intermediários, alguns dos quais sobre jogadores cruciais, limitando a liberdade de negociação”.

A auditoria menciona ainda que “51 das 55 transferências auditadas não tinham documentação de suporte, como relatórios de scouting ou justificações para contratações”, e “41 das 55 apresentaram comissões que superaram os valores de referência da FIFA e/ou os padrões de mercado, tendo sido “identificados pagamentos de comissões pendentes relativos a 23 jogadores, representando obrigações financeiras críticas com um total de incumprimento de 15,8 milhões de euros”.

A partir de maio de 2024, foi implementado um “limite máximo para comissões, com o objetivo de alinhar com os valores de referência da FIFA e/ou com os padrões de mercado (3% do salário bruto e 10% do valor da transação)”, com resultados na janela de verão 2024/25, por meio de uma “redução significativa dos custos de intermediação (3% do valor transacionado em comparação com 11% da média das últimas 10 épocas).

Além disso, foram renegociados os mandatos de exclusividade, num processo que se centrou na diminuição de custos e na valorização dos ativos, e foi criado um grupo de trabalho multidisciplinar, com a formação de uma equipa dedicada para a gestão estruturada das transferências, para assegurar a consistência técnica e a viabilidade financeira das respectivas decisões.