A Tribuna VIP do Estádio do Dragão acolheu o SIGA Women Leadership Forum, um evento focado na promoção da igualdade de género e na liderança feminina no desporto, com Andrém Villas-Boas como orador. O presidente do FC Porto fez um discurso sobre “o papel essencial da mulher no mundo e nas diversas áreas de negócio”, utilizando o exemplo do clube que lidera para sublinhar a necessidade de “corrigir anos de atraso” no que se refere ao “compromisso de assegurar maior equidade entre os géneros”.
“Termino esta intervenção com um desejo: que, dentro de alguns anos, na cadeira de sonho que hoje ocupo, se sente uma mulher portista que aqui estará a honrar o nosso compromisso com a vitória e a elevar o estatuto do FC Porto como o clube dos clubes”, afirmou Andrém Villas-Boas ao concluir o painel que contava com a presença da Ministra da Juventude e da Modernização, Margarida Balseiro Lopes.
Reflexão sobre o papel da mulher no Dragão
“É com grande satisfação que acolhemos este evento na nossa casa e espero que se sintam a alegria de serem recebidos num contexto de discussão esclarecida sobre um tema que nos é tão relevante como o é o papel essencial da mulher no mundo, no quotidiano, na sociedade e nas várias áreas de negócio, do comércio à saúde, da política ao desporto.”
O compromisso do clube
“O compromisso do FC Porto, além de ser o anfitrião deste fórum, é participar na reflexão, partilhar o seu exemplo, mas acima de tudo aprender e reforçar as nossas competências e melhorar nas áreas onde já atuamos. Estas áreas, nomeadamente a desportiva, têm um grande campo de intervenção e sobre nós recai um forte sentido de responsabilidade e de dever.”
A trajetória rumo à paridade
“Deixo alguns números e informações que nos servem como exemplo e que sobre os quais reflito. Eles implicam uma responsabilidade acrescida, alimentam o nosso sentido de compromisso, motivam-nos e são uma prova dos benefícios de integrar a liderança feminina na vida do clube. Nas modalidades, apenas 17% dos nossos atletas são do sexo feminino, uma situação de défice que estamos determinados a corrigir, desde logo através do investimento em escalões de formação nas modalidades já existentes ou da introdução e do regresso de novas modalidades, que estão a ser analisadas com o compromisso de assegurar maior equidade entre os géneros.”
O grande avanço do futebol feminino
“Esta época, e de uma só vez, corrigimos anos de atraso nesse contexto, criando três novos escalões de futebol feminino (sub-17, sub-19 e seniores). Desta iniciativa resultou a entrada de mais de 60 novas atletas no FC Porto, traduzida numa alegria e emoção contagiantes e comoventes, como a que sentimos ao estabelecer um recorde de assistência num jogo de futebol feminino em Portugal, onde mais de 31 mil pessoas estiveram presentes. Temos consciência da responsabilidade, interna e externa, que este passo implica e estamos a fazê-lo de forma sustentável. A responsabilidade interna é uma exigência dos nossos sócios e, quando exigem, também pedem um projeto vitorioso. A responsabilidade externa, além da lógica das realidades clubísticas, refere-se ao nosso papel como uma instituição de bandeira que tem deveres sociais e de cidadania corporativa perante a comunidade e a sociedade nos domínios educativo e desportivo, a nível nacional e internacional.”
O exemplo que vem de dentro
“Ao analisarmos as áreas de liderança e profissionais, notamos que o caminho para a paridade também se manifesta de forma a ser destacada: 47% dos quadros do Grupo FC Porto são mulheres. O Grupo FC Porto defende e mantém uma política de recursos humanos que não discrimina entre homens e mulheres, respeitando plenamente o princípio de tratamento igual e não diferenciado dos seus colaboradores, independentemente do género. Também nas normas de ética e conduta presentes no nosso código de ética, a igualdade de tratamento e a política de não discriminação são publicamente assumidas. Este compromisso, que é também uma responsabilidade da gestão de topo, demonstra uma preocupação formal com estas questões.”
Do dirigismo aos sócios
“A nível de dirigismo, os passos também têm sido firmes, desde o compromisso assumido na campanha até à nossa eleição. Temos o orgulho de informar que o Conselho Superior do FC Porto é composto por mulheres e homens em paridade. Este facto tem um efeito extraordinário na aproximação ao universo de sócios e estamos esperançosos de que este passo sirva de exemplo para atrair ainda mais mulheres a tornarem-se sócias, com o objetivo de transformar os atuais 35% de sócias femininas do FC Porto em paridade com os sócios masculinos.”
O desejo de uma mulher como sucessora
“Termino esta intervenção com um desejo: que, dentro de alguns anos, na cadeira de sonho que hoje ocupo, se sente uma mulher portista que estará aqui a honrar o nosso compromisso com a vitória e a elevar o estatuto do FC Porto como o clube dos clubes.”