Numa entrevista concedida ao jornal O JOGO, Sérgio Conceição foi desafiado a destacar alguns momentos destes mil dias no comando do FC Porto.
“O primeiro foi o dia em que perdemos no Restelo por 0-2, no ano do título (2017/18). Por duas razões muito importantes: primeiro, pela interação entre adeptos e equipa, foi espetacular no jogo em que perdemos o primeiro lugar, foi a vitamina de que precisávamos para ser campeões mais tarde; depois, foi o momento no balneário em que estivemos perto de duas horas numa conversa que foi talvez a mais marcante que nós, grupo de trabalho, tivemos. E eu também, especialmente enquanto treinador. Aquilo que provocou deu-nos a “sapatada” para o título”, começou.
“Depois destacava também a vitória sobre o Leipzig [3-1] porque acho que em termos táticos foi a mais bonita. Foi um jogo fabuloso da minha equipa, que interpretou quase na perfeição o que preparámos. Foi para mim o jogo mais bonito, não na beleza estética, mas na tática. Quem percebe de futebol percebe o que estou a dizer. A forma como o FC Porto desmontou a estratégia do Leipzig dentro do encaixe existente, foi espetacular”, frisou.
“Outro jogo muito importante, claro, o da Luz que ganhámos por 1-0 e recuperamos o primeiro lugar com golo do Herrera aos 90”, recordou, terminando com a receção à Roma. “Deu para perceber a dimensão europeia do FC Porto, que viria depois a confirmar a entrada no top 10 do ranking da UEFA. Temos sido uma equipa determinante, principalmente nos dois primeiros anos, na conquista de pontos para o subida de Portugal no ranking”.
O treinador do FC Porto foi ainda convidado a recordar o primeiro treino ao serviço do FC Porto:
“Porque me recordaram esse dia, fui buscar a folha do treino e tenho aqui na mão por curiosidade. Tinha 16 jogadores mais três guarda-redes e o Hernâni estava condicionado. Tenho também os exercícios que foram feitos. Cada treino tem a sua história e a sua vida e no fundo são todos diferentes. Lembro-me muito bem do estado de espírito, da ambição que tínhamos por chegar e representar um dos melhores clubes da Europa e o melhor de Portugal. Sempre fui competitivo e desde a minha chegada ao FC Porto, enquanto jogador, alimentei muito essa minha vontade de ganhar. Como treinador foi exatamente o mesmo. Senti uma responsabilidade tremenda de devolver ao clube o lugar que merecia, que era o primeiro, que hoje ocupamos mais uma vez.”
Sobre o momento difícil devido à pandemia do coronavírus, o técnico quis deixar uma mensagem aos portugueses.
Um momento difícil para todos nós. Temos que olhar mais para o bem das nossas famílias e dos nossos amigos mas também do país e do mundo. Apelar ao respeito que devemos ter pelas instruções dadas pelas autoridades e pelo aconselhamento da Direção Geral de Saúde. Todos sentem falta do futebol, não há dúvida. Eu, como apaixonado que sou pelo futebol e pela minha profissão, sinto muito essa falta, mas espero que seja também o momento para olhar para o futebol com carinho e saudade porque, por vezes, não é bem tratado. Era bom que voltássemos mais empenhados em tratar melhor aquilo que é nosso: o futebol português que tantas alegrias nos dá e tantas coisa boas traz ao nosso país.
Em 154 jogos, o técnico conta com 112 vitórias, 22 empates e 20 derrotas.