Antigo intenacional português considera que o FC Porto deu-lhe “tudo o que um jogador ambiciona” e recordou o percurso até à conquista da Liga dos Campeões de 2004, em entrevista ao Porto Canal.
FC Porto como clube único: “Um ano no FC Porto equivaleu a 10 anos no Benfica. Não posso ser ingrato a uma instituição que me tinha dado tudo. Uma casa, um salário, títulos, projeção internacional… Às vezes faz-me confusão quando um jogador diz que está na hora de ir embora. Eu entendo o Jorge Costa, o Vítor Baía, o João Pinto e tenho um respeito tremendo. Tinha uma organização que nunca tinha visto na minha vida até então. Eu às vezes conheço grandes clubes e o FC Porto ainda está 10 anos à frente. Quando cheguei ao FC Porto já tinha quatro ou cinco casas para escolher, para que a minha família se adaptasse rapidamente. O jogador do FC Porto só precisa de jogar e dar o máximo. Daí dizer que o FC Porto me deu tudo. Sou sócio do Sporting, mas sou FC Porto de coração. Não me podem levar a mal quando digo que de coração sou portista. Tudo o que um jogador ambiciona foi o FC Porto que me deu”.
Regresso às conquistas em 2003: “Sabíamos que o FC Porto não tinha conseguido resultados tão positivos nas épocas anteriores, e nós conseguimos dar alegrias aos adeptos. O Mourinho foi contratar jogadores que nunca tinham vencido nada. Que tinham uma ambição tremenda e que com as condições que tiveram sempre deram mais do que aquilo que podiam”.
Jogo com o Marselha em 2003: “Lembro-me que o Jorge Costa disse que o jogador mais difícil que apanhou foi o Drogba e até chegou a dizer que lhe ia dar uma patada para o apanhar. Mas nós fizemos uma exibição com muita personalidade e com um nível exibicional muito acima da média”.
Sobre Alenichev: “O Alenichev teve um azar que foi apanhar o Deco a número 10. Não era fácil entrar naquele meio-campo, porque as coisas desenvolveram-se e o Alenichev tinha muita qualidade, mas foi pena porque apanhou uma equipa em que não se podia mexer muito. Foi dos jogadores com quem mais gostei de jogar”.
Final da Champions com o Mónaco: “As pessoas não se podem esquecer que nós é que tornámos esse jogo fácil. O Mónaco eliminou o Real Madrid… A equipa que apanhássemos, nós vencíamos. Esse jogo é curioso, porque se não vencêssemos ficávamos para toda a vida com uma mágoa tremenda. Nós sabíamos que podíamos ganhar, mas fomos humildes. Tínhamos confiança. Eu olhava para o Deco e já sabia o que é que ele queria e vice-versa. O Mourinho disse que para ficarmos na história tínhamos de vencer”.
Origens dos jogadores: “Quase todos os jogadores que têm sucesso são de bairro. É uma questão de cidade, não havia redes sociais na altura, os pais tinham dificuldades para nos inscreverem em escolas, e depois íamos para a rua onde fazíamos aquilo que nos dava prazer, jogar futebol”.
Entrada nas escolas do Benfica: “O meu pai é sportinguista e sou sócio do Sporting graças a ele. A seguir à escola, o dinheiro para o autocarro que me dava só dava para chegar ao Estádio da Luz, não dava para seguir até Alvalade”.
Um sportinguista a jogar no Benfica: “O que eu mais queria era jogar futebol. Se fosse no Sporting era o melhor, e tentava sempre evitar ir de verde para a Luz, falar do Sporting… Eu dizia que era sportinguista, mas nunca houve problemas graves”.
FC Porto campeão europeu de 1987: “Nós não pensamos muito sobe isso quando somos miúdos. Só pensamos em futebol e em jogá-lo, mas quando acontece algo como ser campeão europeu, como aconteceu em 1987, leva-te a pensar e a estar mais atento para tentar lá chegar. Há coisas que são inevitáveis”.
Origem do nome Maniche: “Como era louro e tinha o cabelo comprido, o Arnaldo Teixeira associou-me ao Manniche, pelo aspeto físico. E nem era pela posição. Ele até me pôs a defesa direito. Foi pelo aspeto que ficou Maniche”.
Polivalência: “Passei por todas as posições menos por central. Fiz de defesa-direito, médio-direito, extremo, ponta de lança… No futuro até acabou por ser bom para mim, porque aprendi a situar-me nessas posições”.
(Fonte ojogo.pt)