À beira da inauguração da Arena Portugal, o antigo capitão dos dragões recorda que o clube tem enfrentado diversas transformações num curto espaço de tempo, o que requer que se conceda tempo para que os novos elementos se integrem.
«É necessário compreender que o FC Porto está a passar por um período de transição e de mudança. É fundamental dar tempo para que as pessoas possam trabalhar, amadurecer e trazer uma nova identidade. O presente pode apresentar desafios, mas o futuro promete ser positivo. É preciso conceder esse voto de confiança à direção e perceber que o FC Porto terá que reconstruir a sua identidade. Contudo, com os valores que o clube possui, creio que será capaz de o fazer», afirma.
O antigo internacional português, que contabiliza 174 partidas pela equipa dos dragões ao longo de sete temporadas, tem uma boa compreensão da realidade do clube e, por isso, reconhece que os adeptos possam estar descontentes após um ciclo de três derrotas seguidas, mas reforça a necessidade de compreensão.
«Compreendo a reação, mas os adeptos também devem perceber que houve uma mudança e que as pessoas que moldaram o FC Porto durante muitos anos já não estão. Agora, temos um novo presidente, uma nova direção, e é necessário dar-lhes espaço para que possam implementar a sua visão e métodos. É como na vida: é preciso plantar para depois colher», aconselha, salientando que, naturalmente, não se pode apenas pensar no futuro.
«O FC Porto deve competir da melhor forma possível, para estar no topo e formar uma equipa robusta. O clube é construído com base nas vitórias, por isso é também necessário ter em mente o presente, para que se possam resolver diversas questões que ficaram por abordar», acrescenta.
Além disso, o antigo defesa central exemplifica a forma como o atual campeão também passou por um processo semelhante.
«As pessoas que estão no clube têm a competência necessária para trazer sucesso ao FC Porto; apenas é preciso dar tempo ao tempo. Temos o exemplo do Sporting, que passou muitos anos sem vencer, mas que agora estabeleceu uma identidade e tem uma visão. São processos que requerem tempo», sublinha.
Bruno Alves também se manifesta em defesa do treinador, que conhece bem o clube e, por isso, merece a tolerância dos adeptos.
«Acredito que Vítor Bruno tem as capacidades para realizar um bom trabalho. O FC Porto já teve treinadores bastante jovens que conseguiram alcançar o sucesso. Essa foi a abordagem que se decidiu seguir, com uma pessoa que se identifica fortemente com a realidade do clube. Contudo, apenas no final se poderá avaliar se foi, ou não, uma escolha acertada. Discutir agora é prematuro. É preciso dar tempo para avaliar se conseguirão alcançar os objetivos», defende.
Além disso, em relação aos jogadores, num momento em que se fala da falta de referências no balneário dos dragões, Bruno Alves pede paciência.
«Existem novos jogadores que terão que compreender o que é ser do FC Porto e conquistar os adeptos. É uma geração distinta, mas temos que acreditar que conseguirão, embora precisem de tempo. Seria excelente que isso acontecesse já no primeiro ou segundo ano, mas creio que se irá concretizar. A identidade do FC Porto consiste em transformar momentos difíceis em oportunidades, fazer da adversidade uma força», conclui.