O mundo do FC Porto ainda não recuperou do pesadelo que viveu ontem no Estádio da Luz. A derrota pesada (4-1) gerou uma onda de descontentamento entre os adeptos, com as críticas a intensificarem-se tanto em relação à performance da equipa como às decisões tácticas do treinador.
Jorge Amaral, um fervoroso fã dos dragões, que apoiou Pinto da Costa nas últimas eleições e é comentador da CMTV, afirmou que “faltou atitude” à equipa, demonstrando que está “desconhecedora do ADN” do FC Porto.
“O futebol do FC Porto não teve aquilo que, em alguns jogos desta época, tem faltado, que é uma melhor organização defensiva e níveis de competitividade mais elevados. O Porto habitua-nos a que, em jogos que é necessário vencer, especialmente contra grandes rivais como o Benfica, mesmo que perdesse, a equipa deixava tudo em campo. A agressividade e competitividade da equipa eram sempre muito elevadas. E, na minha opinião, o que aconteceu ontem no Estádio da Luz foi uma equipa que não teve uma única oportunidade de golo, foi passiva, deu espaços, e não se preparou para ser mais forte nos duelos. O Benfica aproveitou essa passividade e fez um bom jogo”, começou por lamentar, antes de se referir às ofensas que os jogadores ouviram dos adeptos na sua chegada ao Porto.
“Não concordo com esse tipo de reações. O André Villas-Boas fez uma promessa e o Vítor Bruno, que foi adjunto no clube durante sete anos, está ciente da exigência dos adeptos. O André afirmou que a equipa estava afastada do título há três anos e que era essencial voltar a vencer. Esses níveis de exigência são passados para os adeptos, que estão habituados a triunfar. Esse é o ADN do clube, vencer mais do que os outros. No entanto, mesmo não concordando com esse tipo de atitude, defendo que as pessoas se devem manifestar de maneira mais cívica, sem recorrer à violência. Contudo, considero que têm sido excessivamente brandos e simpáticos em algumas situações”, justificou.
Apesar da possibilidade da equipa descer para o 3.º lugar, caso o Benfica vença o jogo em atraso, Jorge Amaral acredita que Vítor Bruno está em condições de continuar a liderar a equipa técnica do FC Porto. “Possui os conhecimentos necessários para o cargo e, no momento da sua contratação, parecia a melhor escolha. Contudo, creio que ainda está à procura de uma identidade para a equipa, que ainda não encontrou. A sua postura é diferente da de Sérgio Conceição, que tem níveis de competitividade muito superiores. Isso não é melhor nem pior, é apenas diferente. No entanto, especialmente em termos defensivos, a equipa tem demonstrado falhas. Acredito que há jogadores, tanto jovens como experientes, que podem e devem contribuir mais para a equipa, ajudando a estabilizar a defesa, que, para mim, é o ponto mais crítico”, referiu.
Por último, Jorge Amaral criticou a decisão de Villas-Boas de abandonar a tribuna do Estádio da Luz antes do término da partida, fazendo uma comparação com uma situação recente que envolveu o presidente do Benfica. “Não concordo com essa atitude. Rui Costa, por exemplo, fez algo semelhante ao querer despedir o treinador [Roger Schmidt], por estar descontentado. Não creio que confrontar os jogadores imediatamente após o jogo seja útil, pois essa conversa já deveria ter sido feita antes. A falta de competitividade não se manifestou apenas neste jogo; já se vinha a arrastar de jogos passados. Além do mais, após a partida, os jogadores já estão a preparar-se para as selecções, por isso não me parece o momento adequado. Lembro que Pinto da Costa nunca se comportou desta maneira. Existem momentos para discutir internamente, com a equipa em estabilidade e num ambiente propício. Confrontá-los após o jogo, quando estão desanimados e já se prepararam para outras responsabilidades, foi uma decisão precipitada”, concluiu.
