FC Porto

Pereira da Costa “Quando esta administração tomou posse, a liquidez estava em níveis mínimos históricos”

Avaliação da situação no momento da tomada de posse: “Quando esta direcção assumiu funções, no dia 28 de maio, a liquidez disponível encontrava-se em níveis historicamente baixos. Além da liquidez escassa, não havia nenhum processo de financiamento em andamento para melhorar a situação. A única operação em curso era a da Ithaka, cuja influência se faria sentir apenas em outubro, como de facto se verificou. Para a concretização da operação, foi necessário criar a Porto Stadco, sendo que as cisões requerem tempo. A operação não foi atrasada pela renegociação, pois a cisão já se encontrava em andamento e permitimos que prosseguisse. Para além disso, não havia qualquer tipo de negociação com entidades que pudesse resultar em liquidez. Além disso, os compromissos, que incluíam salários, impostos e outros pagamentos, totalizavam cerca de 12 M€. Até ao final de junho, havia a supervisão da UEFA, que impunha pagamentos obrigatórios, pois a sua não realização poderia resultar na desqualificação de competições europeias. Esses pagamentos a clubes eram de aproximadamente 16 M€. A 30 de junho de 2024, o FC Porto apresentava um desvio de tesouraria, em termos de passivo a curto prazo, que chamaria de mais urgente, com um total superior a 90 M€, em contrapartida a um valor a receber de clubes, em transferências passadas, de 7 M€. No que se refere ao balanço, a diferença entre os pagamentos e os recebimentos de clubes resultava em um desvio de 82 M€, que se reflete no passivo, mas que também se soma à nossa dívida financeira. Temos um grande número de fornecedores na nossa actividade e, ao assumirmos funções, as dívidas a fornecedores em atraso eram da ordem de 16 M€. Estamos a falar de serviços como manutenção de relva, limpeza, entre outros – felizmente, contamos com um conjunto de parceiros que se mostraram pacientes e continuaram a prestar serviços, mesmo com o FC Porto a não cumprir os compromissos habituais.”

Ações implementadas para garantir liquidez: “Para garantir a liquidez, foi lançado um programa de papel comercial. Conseguimos angariar cerca de 12 M€ a uma taxa de 5%, um custo mais baixo em comparação com o exercício anterior. Tivemos investidores que confiaram no FC Porto e que se mostraram amigos do clube. Estamos a falar de sócios e adeptos que nos apoiaram em tempos difíceis. Em segundo lugar, procurámos gerar receitas de forma rápida. Lançámos uma série de iniciativas sem custos, uma campanha para sócios, lugares anuais, com o intuito de esgotar a capacidade em termos de bilheteira e hospitalidade corporativa. A terceira área foi a contenção de custos, essencialmente em termos salariais, tanto para a equipa principal de futebol como para os funcionários e administradores – entre saídas e entradas do plantel e da administração, além de algumas saídas de funcionários, o impacto anualizado foi de cerca de 6 M€, o que nos ajudou a equilibrar as contas.”

Receitas recebidas: “A janela de transferências de verão foi bastante positiva, com receitas significativas resultantes de vendas e empréstimos. Receitas fixas de cerca de 60 M€, com aproximadamente 20 M€ de variáveis, algumas de fácil concretização. Isso permitiu cumprir os requisitos de supervisão da UEFA em junho e em 30 de setembro. No ano anterior, a receita total de lugares anuais foi de 4,6 M€, e com a receita deste ano, será de 6,1 M€. Isso já está fechado. Se houver variação, será para um aumento. Apenas em lugares anuais, registamos um aumento de 33%. No que diz respeito ao número de lugares anuais vendidos, passámos de 22 782 para 27 622. Tivemos o maior número de lugares anuais vendidos desde 2004, o ano de abertura do Dragão. O número de sócios é muito significativo, tendo aumentado de 125 739 para 140 317. Isso demonstra a dinamização. Em relação à receita de bilheteira, de jogo a jogo: até 30 de setembro, tivemos sete jogos, em seis deles a lotação foi esgotada e não tivemos qualquer clássico nesse período. Neste trimestre, em relação ao número e tipo de jogos, registamos um aumento de 70%. De 2 M€ para 3,4 M€. Regressámos a uma situação de credibilidade junto dos nossos parceiros. No que se refere à UEFA, conseguimos cumprir com sucesso os requisitos de supervisão de junho e setembro, e iniciámos o pagamento de compromissos antigos. Até 30 de setembro, realizámos pagamentos que totalizaram 34 M€, a maior parte dos quais se refere a transferências de jogadores anteriores: David Carmo 5,6 M€; Veron 5,3 M€; Alan Varela 3,3 M€; Otávio 3 M€; Francisco Conceição 2,1 M€; Samuel Portugal 1,5 M€. Estes pagamentos eram imperativos. Se não realizássemos os pagamentos, não cumpriríamos os requisitos da UEFA e enfrentaríamos as consequências já mencionadas. No que diz respeito a agentes de jogadores, não foi realizado nenhum pagamento. Em termos de fornecedores, não conseguimos reduzir os 16 M€, mas conseguimos pagar os consumos correntes. Não aumentámos os saldos em atraso. Retomámos a normalidade e continuámos a pagar o que era possível.”

A manutenção da liquidez continua a ser uma preocupação: “A nossa preocupação a curto prazo continua a ser garantir a liquidez. Recebemos os 50 M€ da Ithaka, que não foram devidos aos 6 M€ de receita antecipada. Esta operação permitirá reforçar os capitais próprios até ao final do ano. Estamos a trabalhar em operações com prazos de reembolso normais, que esperamos concretizar. A conversa com a banca internacional está a ser mantida e esperamos novidades em breve. Além disso, estamos a desenvolver outras iniciativas para gerar liquidez e garantir que somos um clube que honra os compromissos em diversas áreas.”

Trabalho que permanece a ser realizado: “Continuaremos a trabalhar para aumentar as receitas operacionais, mantendo o investimento na equipa principal, pois é crucial que continuemos a ter uma presença assídua na Champions. Outra área de gestão rigorosa será o controlo de custos, que passará pela transformação digital. Além disso, continuaremos a gerar resultados significativos com a negociação de passes de jogadores. Estamos satisfeitos com os resultados que conseguimos até ao momento na geração de receitas e no controlo de custos.”