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Análise ao FC Porto-Arouca: cartão vermelho mostrou as duas caras dos Dragões

Uma segunda parte impressionante permitiu ao FC Porto reverter a situação contra o Arouca, alcançando uma vitória contundente por 4-0 no domingo, após uma primeira parte sem inspiração.

Os azuis e brancos recuperaram a segunda posição, somando 18 pontos, a três do líder invicto, o Sporting, que tem 21, e a dois do Benfica, após sete jornadas na I Liga.

Como teria sido 11 contra 11?

O que teria ocorrido se Guven Yalcin não tivesse sido expulso no final do primeiro tempo? Como é que o FC Porto teria conseguido desbloquear o jogo na segunda parte, após uma primeira parte sem qualquer remate à baliza? Que tática teria Vitor Bruno utilizado para corrigir as falhas da sua equipa e dificultar a forma como o Arouca construía o jogo a partir de trás, com os defesas centrais e os médios?

É evidente que jogar no Totobola à segunda-feira é sempre mais fácil e o futebol não se baseia em ‘ses’. A realidade é que, enquanto o jogo estava 11 contra 11, o Arouca mostrou-se ligeiramente superior ao FC Porto, tanto na defesa como no ataque, limitando as oportunidades para os azuis e brancos, mesmo jogando no Dragão.

O principal desafio do FC Porto estava na forma como tentava pressionar o Arouca. Do trio de médios, Vasco Sousa era quem se adiantava no terreno para, junto com Samu, formar a primeira linha de pressão. No entanto, o Arouca conseguia sair com facilidade dessa pressão, uma vez que os defesas centrais, assim como o guarda-redes alemão Mantl, sempre encontravam um jogador livre, seja em jogadas próximas com combinações simples, seja em passes longos para Guven Yalcin, que estava a ganhar quase todos os duelos contra Nenhuén Pérez e Zé Pedro. Além disso, as segundas bolas eram sempre do Arouca.

Os comandados de Gonzalo Garcia careciam de mais incisividade na frente e de mais jogadores para causar dano na defesa portista. O Arouca não conseguiu realizar qualquer remate enquadrado na baliza de Diogo Costa, apesar de ter tido a primeira oportunidade de golo, precisamente pelo internacional turco, num remate que foi à baliza lateral.

Por sua vez, o FC Porto não consegue explicar a sua dificuldade em marcar na primeira parte dos jogos. É o quarto jogo consecutivo na I Liga em que não consegue marcar qualquer golo nos primeiros 45 minutos. Na primeira meia hora, rematou apenas quatro vezes, todos de fora da área, todos sem direção.

Com um jogador a mais e com mais um avançado entre os centrais do Arouca, que perderam a sua referência no ataque, o FC Porto teve um jogo mais fácil, em parte devido a 15 minutos de pura intensidade no início da segunda parte, onde marcaram três golos em apenas dez minutos e criaram mais oportunidades para marcar.

Na segunda parte, foram sete remates à baliza, quatro dos quais resultaram em golo, enquanto os restantes permitiram a Mantl brilhar.

Foi uma oportunidade para Fábio Vieira finalmente re-estrear-se pelo FC Porto, enquanto Rodrigo Mora teve a sua primeira aparição na I Liga e Deniz Gul fez o seu primeiro golo na competição, marcando pelo segundo jogo consecutivo.

Excluindo os primeiros 45 minutos, é importante destacar os números do FC Porto. Segundo os dados dos Playmakerstats, não somavam seis vitórias nos primeiros sete jogos da I Liga em cinco épocas. Além disso, não sofriam apenas três golos nos primeiros sete jogos da competição em sete épocas.

Foi também a segunda vez na época que os azuis e brancos marcaram quatro golos num jogo, após a vitória por 4-3 contra o Sporting na Supertaça, que foi decidida após prolongamento.

Momento do Jogo: O vermelho é para parar

A expulsão imprudente de Yalcin pôs fim às esperanças do Arouca na partida. O primeiro cartão amarelo foi desnecessário, uma vez que o avançado turco tentava impedir Diogo Costa de realizar um rápido livre. Sabendo que já tinha um cartão amarelo, não se compreende a entrada do jogador internacional turco sobre Alan Varela, numa disputa de bola ao meio-campo.

Os Melhores: Samu à beira do golo e finalmente Rodrigo Mora

Samu teve uma primeira parte discreta, uma vez que foi raramente servido com passes de qualidade. Na segunda parte, na primeira boa bola que recebeu na área, conseguiu marcar. Aliás, dos cinco remates que fez na Liga, todos resultaram em golo, o que demonstra uma eficácia impressionante. Regista cinco golos em quatro jogos, igualando o seu máximo de jogos a marcar (4 partidas). Apenas Galeno, com seis golos, tem um registo superior ao do internacional sub-21 espanhol.

Uma menção a Rodrigo Mora: fez a sua estreia na I Liga, após ter jogado pela equipa principal do FC Porto na última quarta-feira na Liga Europa, e tornou-se no terceiro jogador mais jovem de sempre dos azuis e brancos a atuar na I Liga, com 17 anos, quatro meses e 24 dias. Apenas Fábio Silva em 2019 (17 anos, 0 meses e 23 dias) e Serafim em 1960 (17 anos, 4 meses e 17 dias) eram mais jovens.

Em noite ‘não’: Mais uma parte de avanço

A dificuldade do FC Porto em marcar no primeiro tempo da I Liga começa a tornar-se uma constante. O jogo foi a zeros ao intervalo, o que se repetiu pelo quarto jogo consecutivo na competição, após a derrota com o Sporting e as vitórias contra o Farense e o Vitória Sport Clube. A equipa parece sempre entrar em campo de forma apática e apenas acelera na segunda parte. Um problema que Vitor Bruno terá de corrigir.