Jorge Nuno Pinto da Costa dedicou o editorial da revista ”Dragões” deste mês a Fernando Gomes.
“Hoje escrevo para recordar um grande símbolo do FC Porto – Fernando Gomes – que partiu e nos deixou a todos mais pobres, cheios de saudades. A sua carreira, todos conhecem. Cinco vezes campeão nacional e vencedor de três Taças de Portugal, três Supertaças, uma Taça dos Campeões Europeus, uma Taça Intercontinental e uma Supertaça Europeia”, recordou o presidente portista.
“Individualmente, conquistou por duas vezes o troféu de melhor marcador europeu, a Bota de Ouro. Fantástico! Mas do que sinto mesmo falta é do seu convívio. Foram dezenas de anos a viver e a conviver com uma paixão comum – o FC Porto. Recordarei sempre os seus golos, as suas vitórias e os seus exuberantes festejos”, continuou.
“Trocámos centenas de abraços em momentos felizes. Mas há três que recordo e nunca esquecerei:
– O primeiro, quando, em 1982, depois da minha eleição como Presidente do nosso Clube, me desloquei a Gijón para o fazer regressar ao seu clube de coração. Quando, depois de negociar com o Presidente do Sporting de Gijón, nos encontrámos, disse-me: “Então quer mesmo que eu volte? Nem posso acreditar!”. E seguiu-se um abraço prolongado;
– O segundo foi quando o convidei para fazer parte da minha atual Direção. À sua declaração “É um sonho que nunca acreditei ser realizável”, seguiu-se um forte abraço;
– O terceiro e último abraço foi o mais doloroso da minha vida. O Fernando já não recebia visitas, mas insistia com a sua mulher, a sua querida Xana, para que o visitasse. Autorizado pelo seu médico, desloquei-me ao hospital onde se encontrava. Trocámos opiniões sobre a formação do FC Porto, de que era responsável, e da vida do Clube em geral”, revelou Pinto da Costa.
“Cerca de vinte minutos depois do início da nossa conversa, perfeitamente lúcido, mas muito cansado, quando nos despedíamos, pediu à sua Xana, que o ajudasse a levantar. Admirada, ela perguntou-lhe: “Queres ir ao quarto de banho?”. E o Fernando respondeu-lhe: “Quero dar um abraço ao Presidente”. Assim trocámos o nosso último abraço. Um mês depois deixou-nos. Não foi o último abraço, Fernando! Foi o penúltimo, pois um dia estarei junto de ti, para te abraçar com toda a amizade com que vivemos 46 anos. Até sempre, Fernando!”, finalizou, num texto cheio de emoção.