Futebol

Rio Ave 1 FC Porto 3 (por Nuchae)

 

Entrar com pé e ideias direitas

Acabou a pré-época mais longa da nossa história – desde Abril, certo? –, da qual conseguimos observar um plantel ainda com lacunas por colmatar, com nenhuma saída de relevo, com jogadores a marinar na equipa B e apenas 3 jogadores novos em relação a uma das piores épocas da era moderna do nosso clube (ou pelo menos, os piores 6 meses, mas isso já é outra conversa).

Olhamos para o nosso primeiro 11 e começamos a refletir: o que é que falta?
Qualidade? Criatividade? Experiência? Um pouco de todas?
Cada um tem a sua versão.

A minha é que o que importa é o que o treinador diz. E o nosso treinador, depois da derrota com o PSV, disse que sabia que o plantel ainda estava em obras e que tinha uma ideia de como iria ser a remodelação.
O jogo foi a 21 de Julho. Desde então chegou um avançado (que dando-lhe margem para dúvidas) já depois do azarado sorteio do playoff, que já pôde contar com uma situação caricata no nosso clube. Mas indo ao que importa, o treinador sabia (e sabe) do que precisamos, porque é que vai atacar a época da mesma maneira que atacou o PSV no dia 21/07?
São estas questões que devemos colocar até ao final do mercado, quando pensamos no que correu mal num certo jogo e não partir para o insulto fácil a atletas e treinador. Só estaríamos a complicar a nossa própria situação e a confundir espírito de sacrifício e vontade de vencer com exigência desmedida.

Em relação ao jogo, o Nuno Espirito-Santo decidiu apostar no mesmo 11 que defrontou o Villarreal o que já se previa quando nesse jogo efetuou a 1ª substituição só a meio da 2ª parte. Nesta altura é importante criar rotinas de jogo e isso consegue-se conhecendo quem joga ao teu lado e o que podes esperar desse jogador.

Entramos bem no jogo, com uma ideia clara de construção ofensiva com Herrera e Danilo lado a lado, André André a cair no lado pelo qual estamos a atacar, extremos a tentar movimentos interiores com os laterais a fazer vaivéns para trás e para a frente.
E é aqui que surge o primeiro problema. O Maxi já não consegue fazer isto, ou pelo menos, já não o faz tão bem. Parcos cruzamentos, pouca velocidade para dar largura e com muitos erros defensivamente o que também não ajudou nada a tarefa do Felipe nos momentos de maior pressão do Rio Ave (que não foram muitos).

Nos primeiros 35 minutos, destaque para uma bonita jogada coletiva que não resultou nada em nada por um misto de receção falhada do André Silva e de um bom corte do Pedrinho que substituiu o nosso Rafa – este já é nosso.
Mas há uma regra que, infelizmente, ainda existe no nosso futebol. A primeira jogada de perigo da equipa adversária vai resultar em golo, qualquer que seja o resultado. Tem sido sempre assim. E a sina continuou. Canto muito bem batido e, talvez no único lance que o Felipe perdeu no ar em todo o jogo, golo dos vila-condenses.

Como não mandamos na nossa cabeça, começamos a pensar. O nosso cérebro começa a formular mil e uma frases em que o comum é que todas começam por “Se”.
O que vale é que este Porto é diferente do dos últimos anos e não nos deixou sofrer muita nesta autocomiseração. Largura do Alex Telles, André Silva a ganhar nas alturas e Corona com uma incrível reação para igualar a partida. Para cima deles!

Ainda estávamos a festejar e já o mesmo Corona atirava a bola ao poste noutra boa jogada coletiva do nosso ataque.
Acabamos a 1ª parte em cima do Rio Ave e à espera que a 2ª parte começasse depressa.
Dos primeiros 45 minutos fica a dificuldade de Maxi em ambas as fases do jogo (ataque e defesa), alguma prisão de movimentos do Danilo e a constatação de que o André André naquela posição tinha que dar mais ao jogo e imprimir outra velocidade.
No Rio Ave é de destacar a importância do Tarantini, que contra nós faz-me sempre lembrar um jogador que até vai jogar contra nós já na próxima semana, o Strootman (antes da lesão, claro). Muita qualidade com bola, bom remate, cabeça sempre levantada para o jogo.

A 2ª parte começa mais calma que o fim da primeira, mas rápido o outro mexicano do nosso 11 titular tratou de nos meter em vantagem e de que maneira. Mais uma vez, Otávio a descair para o meio, a encontrar o Herrera livre de marcações e o mexicano a mostrar que está cá para ficar e ganhar como capitão. Golaço!

Era a nossa altura de estar em vantagem no marcador e o desejo de todos seria que não dormíssemos em cima do resultado. 8 minutos volvidos, o menino Otávio volta a sobressair e, quando ia isolado para a baliza, sofre penalty de Marcelo que recebe ordem de expulsão.
A escolha recai no André Silva que, apesar de não conseguir converter à primeira, não consegue deixar de marcar.

1-3.
Dez contra onze.
É nesta altura que o prodígio da arbitragem portuguesa (de divisões secundárias a internacional num piscar de olhos) decide que não é justo jogarmos em vantagem numérica, não podemos experimentar tradições alheias.
O Heldon, com consciência deste facto e sabendo que os Jogos Olímpicos estão a decorrer, aproveita o mínimo de contacto com o braço do Alex Telles e efetua um mergulho à retaguarda perfeito. Nota 10. Dez contra dez.

Apesar de perdermos essa vantagem numérica conseguimos controlar os acontecimentos até ao fim, sendo que o resto do jogo deu para um par de defesas seguras do nosso Casillas e para a estreia do Depoitre com a nossa camisola, dando indicações que para o defesa adversário vai ser difícil tirar-lhe a bola de costas para a baliza.

Destaques positivos para as boas exibições dos centrais, principalmente após o 1-1; para a disponibilidade do Herrera e do Danilo e para a criatividade dos nossos extremos no processo de construção ofensiva.
De realçar a dificuldade patente do Maxi neste jogo e o espaço existente entre a dupla de médios mais recuados e os centrais também foi perigosa para a nossa baliza. Em termos ofensivos acho que o nosso treinador vai pretender mais da posição ocupada pelo André André, que curiosamente se soltou mais após a expulsão do Alex.

Do primeiro jogo da época o mais importante é sempre a vitória e consequentes três pontos e esse objetivo foi cumprido.

Animicamente é sempre bom recuperar de uma desvantagem no marcador e isso é uma coisa positiva que se pode levar para o próximo jogo contra a Roma, que vai ser um jogo de uma dificuldade já bastante elevada. A eles!

por Nuchae