Ler pessoas a qualificar o Sérgio como um "excelente" treinador faz-me ter sérias dúvidas sobre o estado do futebol atual. Aliás, recorda-me daquela hilariante e desrespeitosa comparação com o Zé do Boné, o melhor treinador português de sempre.
Por acaso, estou nos antípodas das posições que os adeptos do SC costumam ter: considero-o um treinador medíocre, mas tenho estima pela pessoa. Nos últimos tempos, porém, tenho tecido certas questões sobre o seu carácter. Não relevo, pois assumo que seja em honra ao Presidente dos Presidentes.
O Sérgio devia ter saído em 2021. Vou explicar o meu raciocínio.
Em 2017/2018, o mérito é totalmente dele. Demonstrou um futebol agradável, recorrendo sobretudo a jogadores encostados ou emprestados, ainda que tivessem qualidade.
Em 2018/2019, o futebol tornou-se penoso. O Porto perde o campeonato por exclusiva responsabilidade do Sérgio, cujas decisões levaram à perda de uma confortável vantagem que possuíamos em relação ao Benfica.
Em 2019/20, o Porto faz o maior investimento da sua história em contratações (+- 60M). Surpreendentemente, perdemos com o Krasnodar (!) nos play-offs da Champions. Não satisfeito, o Sérgio sabota a Liga Europa. Ganhamos a Liga mais por demérito dos nossos rivais (Benfica com mudança de treinador durante a temporada e o Sporting completamente destruído) do que por nosso mérito.
Em 2020/21, o SC mais uma vez perde um campeonato em fevereiro/março. Empates atrás de empates, com um futebol penoso que já vinha de há épocas. Em condições normais, no FC Porto que me habituei a ver, um treinador teria saído. Acaba por não sair - terá a boa performance da Champions constituído um fator determinante? De todo o modo, é um sinal; Conceição toma conta da estrutura do Porto, e demonstra que não é um treinador normal na nossa história.
Em 2021/2022, era imperativo ao Porto ganhar o campeonato. A equipa volta a demonstrar um bom futebol, mas creio que isso se deve mais à qualidade dos jogadores (Otávio, Vitinha, Fábio Vieira, Díaz, Evanilson, etc.) do que à tática do treinador. Não vou menosprezar alguma influência do Sérgio, pese embora a equipa fosse mesmo de grande qualidade; desde os tempos do Vítor Pereira, que o Porto não via uma tão boa. Qualquer treinador decente, a meu ver, teria ganho, com maior ou menor dificuldade.
Em 2022/2023, perdemos outra vez o campeonato. O futebol foi penoso, porém não vou culpar o Sérgio por isto, por ser precisamente uma fase de transição da nossa equipa.
Quanto à presente época, nada tenho a dizer - é do conhecimento de todos.
No que concerne as contratações, o Sérgio falhou muito.
Em 2018/2019, foram pedidos expressos do treinador: Loum; Manafá; Pepe; Fernando Andrade; Jorge; Waris; Janko. Destes, renderam o Pepe e o Manafá (q.b.). O Militão foi uma contratação do Luís Gonçalves.
Em 2019/2020: Marcano (depois de ter saído a custo zero...); Zé Luís (SC ameaçou demitir-se caso esta contratação não fosse firmada). Destes, aproveitou-se Marcano. Uribe, Marchesin, Díaz e Saravia foram contratações do LG. Nakajima foi uma questão de oportunidade. O Sérgio desaproveita o Nakajima e o Saravia (que podia dar jeito ainda hoje como suplente...).
Em 2020/21: Taremi; Zaidu; Sarr; Grujic. O Felipe Anderson foi contratação do Gonçalves e foi desaproveitado.
2021/22: Bruno Costa; Galeno; Ruben Semedo; Wendell; Fábio Cardoso; Eustáquio. O Pepê foi do LG.
22/23: Grujic (!!!); Eustáquio; André Franco; David Carmo.
Acrescento ainda a não aposta no Óliver Torres e em jovens como o Tomás Esteves, o Diogo Queirós, o Diogo Leite, entre outros.